Quem chega ao Perigord Noir, na actual região da Dordogne fica embebido pela sensação de ter conseguido finalmente viajar no tempo. A cada passo surge-nos a marca indelével do passado que se confirma ao sabermos que a seguir a Paris é a região de França com mais monumentos.
Desde a pré-história que o homem se sentiu atraído por esta acolhedora região e isso torna-se visível nas várias grutas pré-históricas que encontramos nos vales do rio Vézére e Dordogne, como é o caso das famosas grutas de Lascaux.
A beleza intemporal com que nos deparamos ao percorrer caminhos tão verdejantes em pleno Verão, incita-nos a vaguear sem destino definido, porque sabemos que a qualquer momento seremos surpreendidos por um Castelo Medieval , uma aldeia construída nas rochas ou simplesmente por uma mesa e uns bancos de pedra estrategicamente colocados junto a um riacho ou açude, convidando-nos a sentar e a desfrutar de um revigorante pic-nic.
La Roque Gageac
Por todo o lado ecoam sons curiosos vindos dos frondosos bosques imersos em castanheiros e nogueiras. Apuramos o ouvido e percebemos que não vêm só dos bosques mas também das quintas onde se criam gansos para fabricar o célebre Fois Gras, um dos produtos de referencia da região tal como as trufas que enriquecem os mais requintados pratos da cozinha francesa.
Quinta perto de Tamnies
A visita ás grutas pré-históricas de Lascaux II é rápida ( as Lascaux verdadeiras estão fechadas ao público desde 1963 por causa da deterioração das pinturas rupestres). As grutas são pequenas, apesar do interesse pela cópia fiel e aparentemente real das pinturas que nos causam uma certa emoção pela proximidade com que os nossos antepassados de há 55 mil anos atrás, exteriorizavam a sua vertente artística e espiritual.
Seguimos para La Roque Saint Christophe, o maior sitio troglodita da Europa Ocidental. Tem cerca de 900 metros de comprimento,está instalado em 5 níveis, completamente escavados nas rochas, que serviram de habitação ao Homem desde a Pré-História até ao final da Idade Média. Ao percorrermos o monumento, património da Humanidade, interrogamo-nos mais uma vez sobre a infinita capacidade das realizações humanas e como estas nos continuam a surpreender. Como foi possível erguer uma cidade medieval nas rochas, com as suas oficinas, desde a do ferreiro, do carpinteiro, o forno, as habitações do povo, dos senhores, as cavalariças, os currais, tudo transportado através de uma densa rede de escadas escavadas na pedra, escadas de madeira, pontes, cordas, ou utilizando rudimentares guindastes que içavam o que era necessário para sobreviverem. Parece inverosímil, não o é em La Roque Saint Christophe! A defesa falou mais alto, quanto mais inacessível estivesse o inimigo, melhor.
Cidade Troglodita – La Roque Saint Christhophe
Maqueta da cidade na Idade Média
Habitação troglodita
Réplicas dos mecanismos utilizados para içar toda a espécie de produtos para a cidade.
Mas esperavam-nos outros lugares fascinantes. Aldeias que se sucedem ao longo do vale do Vézere e que parecem ter sido construídas de propósito para embelezar o cenário. A pedra amarela e os telhados pretos, as janelinhas que se envaidecem com a paisagem que vislumbram por entre as cortinas de linho, as flores que não se cansam de pavonear as suas mil e uma cores. Um prelúdio de beleza que nos encaminha à minúscula e convidativa aldeia de Tamnies onde ficariamos durante a nossa estadia no Perigod Noir, no acolhedor hotel Laborderie.
Aldeia de Tamnies
Hotel Laborderie
Hotel Laborderie
As andanças pelo Perigord Noir não ficam completas sem visitar Sarlat. Esta cidade possui a maior concentração de fachadas medievais e renascentistas de França. As vielas estreitas, as arcadas e as casas antigas ricas em pormenores decorativos transformam-na num Museu ao ar livre. Além disso a cidade é famosa pelo seu mercado de sábado e por um outro maior, uma vez por mês, onde chegam produtos de toda a região. Dizem ser um dos melhores mercados de toda a França.
Sarlat
Sarlat
Sarlat
Mas o charme da Dordogne reflecte-se também nas aldeias repletas de história e nos “Chateaux” que parecem irreais e que surgem em qualquer ponto da paisagem. Em Beynac e La Roque Gageac essa magia surge-nos a cada canto.O rio Dordogne acompanha placidamente as graciosas aldeias e oferece-nos um idílico passeio pelas suas margens, que pode coroar-se com uma travessia de Gabarre, os barcos típicos da região, muito curiosos, pois possuem um fundo achatado devido à pouca profundidade do rio.
Castelo de Beynac
Beynac
Beynac
Beynac
Gabarres em La Roque Gageac
Muito mais haveria para visitar nesta majestosa região de França. O inevitável correr do tempo leva-nos de volta a casa mas fica a vontade de um dia voltar ao reino encantado da Dordogne.
Informações úteis:
turismo:
www.dordogne-perigord-tourisme.fr
http://www.roque-st-christophe.com/
http://www.lascaux.culture.fr/#/fr/00.xml
Onde ficar:
Onde comer:
Ferme de Maraval – onde podemos comer um belo prato de comida caseira feita pela dona da quinta e onde também podemos comprar produtos aí confeccionados tais como doces, foie gras entre outros.
