terça-feira, 21 de setembro de 2010

Marken- Holanda

A Holanda é um país peculiar. De baixa altitude, com cerca de 27% da sua área situada abaixo do nível do mar, parte do território foi obtido através da recuperação de terras  ao mar que se conseguem preservar recorrendo a elaborados sistemas de engenharia de onde ressaltam os polderes e os diques. Por isso a primeira imagem que me surge quando penso neste pequeno país é a água que se exibe por todo o lado, permitindo um verde continuo na paisagem.

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Picture 123Apesar de ser densamente povoado, sinto uma calma, uma espécie de ruralidade permanente, complementada pelo uso intensivo da bicicleta, pelos moinhos de vento no horizonte, pelos canais apinhados de patos e cisnes, pelos campos de tulipas, pelos mercados de rua onde se contemplam entre muitos produtos, enormes queijos Gouda e magnificas flores.

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Ao percorrer a Holanda percebe-se que existe uma coabitação saudável entre a modernidade de algumas cidades e o encanto pitoresco de muitas aldeias e vilas.É um país que sabe manter os valores tradicionais não obstante ser historicamente um país liberal e bastante tolerante.

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Uma das aldeias que mais me encantou foi Marken. Parece saída de uma paisagem de um quadro de Vermeer. As pequenas casas de madeira de cores diversas,  estão construídas sobre estacas para se precaverem das frequentes cheias. Entrecortadas por pontes de todos os tamanhos e feitios, rodeadas de jardins ingenuamente decorados, formam um cenário idílico, que nos faz pensar que parou no tempo.

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 Marken é uma pequena aldeia de pescadores com cerca de 2.000 habitantes,  e está situada a mais ou menos 30 km a sul de Amesterdão. Era uma ilha que se tornou península, já que hoje está ligada ao continente por uma estrada sobre o dique construído em 1957. No final da estrada há um parque onde se deve obrigatoriamente estacionar porque só os moradores da povoação podem circular de carro e mesmo assim de forma muito limitada. A maior curiosidade em Marken é o facto de muitos de seus seus habitantes usarem trajes tradicionais e tamancos de madeira os quais são feitos numa oficina logo à entrada do vilarejo.

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P8120186 É fascinante deambular pelas ruazinhas minúsculas, observar os pormenores curiosos de cada casa, a pequena igreja Protestante, ou ficar somente sentado numa esplanada junto ao porto comendo um crepe com natas e chocolate quente, contemplando as garbosas embarcações de madeira que entram e saem com as suas velas gigantescas. Tudo parece estar encaixado na perfeição,   lembrando um cenário de filme montado para nos deslumbrar.

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Informações úteis:

Turismo:

http://www.holland.com/uk/

http://www.holland.com/uk/discoverholland/coast/resorts/marken.jsp

Ir:

Para chegar em Marken saindo de Amsterdão, siga pela A 10 até à N 247 e em Monnickendam passe para a N 518. São  cerca de 30 km.

Dormir:

http://www.hofvanmarken.nl/

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Porto

"Quem vem e atravessa o rio,

junto à Serra do Pilar,

vê um velho casario

que se estende até ao mar..."

                                  ( Carlos Tê e Rui Veloso)

Tal como a canção descreve, o Porto é uma cidade que emerge do rio e que se mostra ás pontes que o atravessam como um presépio antigo de cores intensas. Estas minhas primeiras impressões surgiram enquanto atravessava a Ponte D. Luís, vinda de Vila Nova de Gaia. Não foi a  primeira ida ao Porto, já por lá tinha passado algumas vezes, mas foi a minha primeira e verdadeira visita ao Porto. E posso garantir que vale a pena!

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Ao percorrer a segunda maior cidade do país fiquei com a sensação de estar num lugar em que se respira uma atmosfera de aldeia. O casario, as ruas estreitas e sinuosas, o granito sempre presente nas construções, a proximidade das pessoas ecoando aquele delicioso sotaque, o Rio Douro  à nossa espera no final de cada trajecto...

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É impossível ficar indiferente  à Ribeira. A cidade genuína é visível neste bairro, situado junto ao rio. Sucedem-se ruelas que terminam em arcadas sombrias,estreitas casas com fachadas coloridas repletas de janelas e varandas de ferro forjado com todos os motivos possíveis, pequenas igrejas cujos interiores nos surpreendem com magníficos azulejos e riquíssima talha dourada. É um local que preserva o encanto dos lugares marcados pela história, pleno de contrastes e singularidades o que contribuiu para a sua classificação pela Unesco como Património Cultural da Humanidade em Dezembro de 1996.

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Actualmente o Cais da Ribeira além de uma esplêndida vista para o Rio oferece-nos relaxantes esplanadas assim como vários restaurantes uns mais típicos, outros mais modernos mas onde não podemos deixar de provar as famosas tripas á moda do Porto que de acordo com a história tiveram origem por volta de 1384 e dever-se-á ao gesto magnânimo da burguesia portuense, que reservou para si apenas as tripas de vaca, enviando a carne para  alimentar Lisboa, cercada por D. João de Castela. Também não podemos esquecer a célebre Francesinha, uma sanduíche com fiambre, salsicha, bife, queijo,  regada com muito molho à base de tomate e cerveja. Hipercalórica mas deliciosa!

No cais podemos também fazer um mini-cruzeiro no rio Douro a bordo de um tradicional barco rabelo típico do Rio Douro que antigamente transportava as pipas de Vinho do Porto do Alto Douro, onde as vinhas se localizam, até Vila Nova de Gaia , local de armazenamento do vinho e,  onde era posteriormente comercializado.

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Ainda no centro Histórico do Porto é imprescindível a visita à Porto que me fez lembrar uma espécie de igreja fortaleza. Depois devemos descer até ao Palácio da Bolsa , outro símbolo da cidade que fica junto à Igreja de S. Francisco  que é talvez a  mais emblemática do Porto. A sua simplicidade exterior contrasta com a riqueza e luxo interiores. É uma igreja  construída no início do século XIV e o interior é totalmente revestido a talha dourada barroca ( cerca de 600 kg de ouro) e  do estilo rocócó. É uma referencia europeia para este estilo arquitectónico e que infelizmente não pude fotografar por ser proibido fazê-lo. Por baixo da igreja e do edifício adjacente ( antigo mosteiro franciscano) existem umas curiosas e arrepiantes catacumbas onde estão sepultadas várias famílias portuenses abastadas, que com os seus contributos financiaram a construção dos  vários altares.

DSC01066Igreja de São Francisco

DSC01070Catacumbas da Igreja de são Francisco

Na baixa da cidade além de irmos até ao célebre mercado do Bulhão, de percorrermos a Avenida dos Aliados ladeada de bonitos edifícios, não devemos perder uma visita à Torre dos Clérigos, à Igreja de Santo Ildefonso e à livraria Lello, na rua das Carmelitas, considerada uma das mais belas do mundo.

IMG_0531Livraria Lello

IMG_0534 Avenida dos Aliados

IMG_0536 Igreja de Sto. Ildefonso

Já fora do centro da cidade é imprescindível a visita a uma das muitas caves do vinho do Porto situadas em Vila Nova de Gaia onde ficamos a compreender melhor a importância deste ilustre representante da região assim como podemos aprender (para quem não sabia muito bem como eu) as suas categorias, o processo de fabrico etc ...( http://docestemperos.blogspot.com/). No final somos brindados com a degustação de dois tipos de vinho, o que decerto tornará bem mais alegre toda a visita.

  DSC01153  Barcos Rabelos junto ao Cais de Gaia

Para terminar este passeio de dois dias pelo Porto não pude deixar de passar pela Fundação de  Serralves. Não fiquei muito animada com o Museu em si, esperava mais, mas gostei imenso do parque , muito bem cuidado e com grande diversidade de vegetação.

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DSC01211Por certo existiria muito mais para ver nesta cidade plena de vida, de tradições, de bairrismo, mas o tempo foi escasso, ficando por isso aguçado o apetite para "boltar ó Porto" em breve.

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Informações Úteis:

Turismo: http://www.portoturismo.pt/

Passeios no Douro em Barco Rabelo: http://www.douroacima.pt/ - 10 euros por pessoa cerca de 1 hora.

Fundação de Serralves: http://www.serralves.pt/

Caves Sandeman: http://www.sandeman.eu/

Livraria Lello: http://www.360portugal.com/Distritos.QTVR/Porto.VR/vilas.cidades/Porto/a5_lello.html

Onde dormir: HF Ipanema Porto, na rua do Campo Alegre, muito bem situado e com qualidade.

 http://www.hfhotels.com/?CFID=1970608&CFTOKEN=86795124

http://www.hfhotels.com/?CFID=1970608&CFTOKEN=86795124

Onde comer: É muito grande a oferta por isso o melhor é ir à descoberta. No entanto não posso deixar de recomendar um lanche, uma refeição ou simplesmente uma bebida no Café Magestic na rua de Santa Catarina, lindíssimo. http://www.cafemajestic.com/

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Paiol – A praia da minha infância

A praia do Paiol situa-se na aldeia da Praia da Assenta, entre Santa Cruz e Ericeira. É a praia da minha infância. Desde que me lembro de existir que conheço esta praia. Nela vivem recordações que me são vitais. Foi lá que aprendi a nadar, foi lá que aprendi a pescar com os meus avós, era lá que se juntava a família todos os Verões para uma grande pescaria e uma sardinhada. Depois com o que se apanhava da pesca, ao entardecer, fazia-se uma sopa de Peixe deliciosa , como só a minha mãe e a minha avó sabiam fazer.

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Esta praia agreste e de difícil acesso é um segredo que felizmente continua bem guardado e que em pleno Agosto nos presenteia com um areal completamente deserto.

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Foi sempre frequentada pelas gentes da aldeia que se dedicam à pesca . Hoje mais por desporto, antigamente como modo de sobrevivência.

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Quando aqui venho de férias não posso deixar de vir ao Paiol. Gosto de ser a primeira a pisar o areal intacto e de me sentar numa qualquer rocha cheia de lapas olhando o horizonte, escutando o  silencio ruidoso do bater das ondas. Penso  nas manhãs enubladas , quando os meus avós me faziam levantar a custo e me punham na mão o “cufinho”, um pequeno cesto de verga com uma boca estreita, uma pequena cana da índia denominada  “polveira”, e o camaroeiro. Assim equipada partia ainda ensonada para mais uma manhã de faina. O meu cufinho raramente trazia o fundo tapado pois mal o sol descobria largava a pesca e as frias águas não me demoviam de banhos atrás de banhos, até os meu semblante se transfigurar numa máscara roxa e as mãos e os pés se entorpecerem de frio. Sentada na areia comendo uma fatia de pão com marmelada, esperava os meus avós que desciam e subiam incessantemente pedras de todos os tamanhos e feitios, procurando o melhor pesqueiro.

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A pesca à “certela” como aqui é denominada, utiliza a tal polveira que é tão simplesmente uma cana da índia na qual se ata numa das extremidades um colar feito  de lapas e minhocas das rochas. Acompanha-se a dita polveira com o camaroeiro que leva dentro sardinhas salgadas com alguns dias, para engodar o peixe. A polveira é cuidadosamente introduzida nas pequenas poças por entre as pedras e depois esperamos pacientemente que algum polvo, moreia, caboz ou navalheira sinta o sabor do engodo e que caia dentro do camaroeiro enchendo fartamente o cufinho.

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São todas estas memórias, estes saberes que me fazem inevitavelmente voltar à praia da minha Infância, revê-la mais uma vez com a agradável sensação de que parou no tempo apesar de uma certa nostalgia que sinto quando olho para as rochas e já não vislumbro nenhum vulto retornando da pesca para vir ter comigo à praia.

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quinta-feira, 15 de julho de 2010

Paris…(continuação)

Os arredores de Paris também nos oferecem alguns locais interessantes. Em outras viagens à cidade já visitei o palácio de Versalhes ou a famosa Eurodisney. Agora e apesar do pouco tempo disponível fui até ao famoso Chateaux de Vincennes. É uma obra  muito austera. Pode não ser um dos mais belos castelos franceses mas não deixa de ser curioso pela sua história e grandiosidade. Possui amplos relvados e vistas impressionantes sobre Paris e sobre o Bosque de Vincennes.

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O Château de Vincennes teve origem num pavilhão de caça mandado erguer por Luis VII, por volta de 1150, na floresta de Vincennes. É um palácio fortificado  sendo o mais importante castelo-forte Real francês que subsiste.  Foi habitação real durante dos séculos XII a XVII. A sua Torre de Menagem tem 52 metros sendo a mais alta fortaleza de planície da Europa. Foi erguida entre o século XIV e o século XVII. Foi Abandonado no século XVIII e o palácio serviu de local para a manufactura de Porcelana de Vincennes, precursora da Manufactura Nacional de Sèvres. Mais tarde  serviu de prisão do Estado a personalidades tão importantes como o rei Carlos IX que morreu louco na referida torre, o Marquês de Sade, Mirabeau e Diderot. Durante a 2ª guerra Mundial foi quartel das tropas nazis que ali fizeram muitos interrogatórios, torturas e até execuções de resistentes.

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Actualmente está sob a alçada do do Ministério da Cultura, por ser um monumento histórico e do Ministério da Defesa, pois alberga o Serviço histórico da Defesa. Foi recentemente restaurado e hoje podem visitar-se muitas das suas instalações onde se destacam  os apartamentos Reais.

IMG_0098 É muito fácil chegar ao Chateaux de Vincennes porque existe metro desde o centro de Paris até ao local, numa viagem de cerca de 15 minutos. a estação de metro têm mesmo o nome de Chateaux de Vincennes.

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Para mais detalhes pode consultar-se http://www.chateau-vincennes.fr/.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Paris ainda…

Quando sonho que estou no Paraíso, a acção decorre sempre em Paris.” (Ernest Hemingway)

É um pouco isso que também acontece comigo. Quando estou em Paris só vejo o lado belo da vida porque quando olho em meu redor tudo parece estar ali prepositadamente para me presenciar com majestosas vistas. A arquitectura desta cidade tem esse condão de nos enfeitiçar em cada esquina, em cada rua , em cada bairro que percorremos. Quando menos esperamos lá está mais um belo edificio, uma fonte, uma ponte, uma simples janela ou uma varanda de ferro forjado como são a maioria das varandas dos prédios do centro da cidade.

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O edificio da fotografia abaixo é do edificio junto ao Museu Du Quay Branly (museu de colecções de objectos de arte africana, asiática da oceania e américas). Toda a fachada está coberta de plantas.

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IMG_0167Mas esta predilecção por uma arquitectura memorável consubstancia-se em todos nós através de um edificio que jamais fará sentido fora de Paris, a magnifica Torre Eiffel. Por mais  controvérsia que tenha gerado aquando da sua construção, não consigo imaginar a cidade luz sem a altissima torre.

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Apesar de sua estrutura colossal à época, a Torre Eiffel foi construída para a Exibição Universal de 1889 e previa-se a sua demolição após a Exibição. No entanto começou a ser usada para estudos meteorológicos e o bom senso de grande parte dos parisienses evitaram que tal ocorresse.

IMG_0159 A Torre tem 300 metros de altura. Somando-se a extensão da antena, a altura total  é de 320,75 metros. Pesa  sete mil toneladas, incluindo 40 toneladas de tinta. Possui 15 mil peças de aço e 1652 degraus até o topo. Actualmente possui um sistema de elevadores que permite subir ao topo e dai obtem-se uma vista panorâmica da cidade de tirar o fôlego.

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IMG_0173 Ao deixar a torre atrás de mim sempre à espreita por entre os belos prédios  e o Sena, vou pela margem esquerda até à ponte Alexandre III contruida para exposição universal de 1900 e que reflecte a fantasia e elegância da Belle Époque em Paris.

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Ao fundo avisto os Invalides, um monumento que era um antigo Hospital Militar, (dai o nome) e que na sua igreja do Dôme, com uma enorme cúpula dourada, alberga o túmulo de Napoleão.

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Está a anoitecer. A noite está agradávelmente quente. Nesta altura do ano só anoitece por volta das 22.30h. Por isso apetece ficar a ver o pôr do sol sobre o Sena, bebendo um granizado de frutos do bosque que surgiu no momento em que a sede e o calor  já apertavam, fazendo do suave gelo aromatizado um verdadeiro nectar dos deuses.